18 de Abril de 2025 - 20:15 Vila São Sebastião, Portugal

19 de Janeiro de 2022 - 19:00 - Vila São Sebastião, Portugal

JUNTA DE FREGUESIA

Vila São Sebastião

O referido padre, com outros indivíduos, tinham moinhos na vila, pensou logo em a canalizar, e depois de terem comprado aquela propriedade, deram-se aos trabalhos, dispendiosos de proceder as escavações necessárias. Era uma obra gigantesca, para a qual não dispunham de suficientes recursos financeiros.

Nascente do Cabrito, descoberta por: Esta água foi descoberta por P.e José Patrício Drumond, em 1838, dentro de uma vastíssima caverna, numa propriedade pertencente a José Maria do Amaral, aos Cinco Picos, esse riquíssimo manancial, cuja produção média, se tem verificado, é de 12 milhões de litros por dia (3.155 palhas) &hellip.
O referido padre, com outros indivíduos, tinham moinhos na vila, pensou logo em a canalizar, e depois de terem comprado aquela propriedade, deram-se aos trabalhos, dispendiosos de proceder as escavações necessárias. Era uma obra gigantesca, para a qual não dispunham de suficientes recursos financeiros. A nascente estava a cerca de vinte metros de profundidade, era preciso perfurar uma grande extensão para trazer a água a superfície. Havia que construir uma levada com uns dez quilómetros de comprimento, aproximadamente, para que tão precioso líquido chegasse à Vila de São Sebastião, onde se encontravam os moinhos.

Meio desavindos, por verem baldados os seus esforços sem resultado, lembraram-se de efectuar a venda da referida água. A Câmara Municipal de S. Sebastião resolveu intervir. Tratando de efectuar a expropriação da água. A Acão de expropriação foi julgada improcedente, imploraram o auxílio.
A Obra foi entregue a Manuel Gonçalves Fagundes, homem de posses, que se propôs tomar à sua conta aquele empreendimento. As obras começaram a em 23 de Maio de 1842 e terminaram a 28 de Junho de 1844, depois de duros trabalhos na mina.
Despendeu nas obras mais de 4 contos. Em 30 de Junho, correu pela 1ª vez aquela água em todo o encanamento, na extensão de duas léguas, até à Vila de S. Sebastião.
(José Moniz de Sá Corte Real, e outras fontes)
Fica explicada a origem da levada de água que chegou à nossa Vila. Atravessou-a, fez mover os seus 10 moinhos, serviu de bebedouro a animais, lavou muita sujidade e de regadio a terrenos, que produziram boa maquia. Este rego ou levada, vinha cerrados até ao cimo da freguesia. Atravessou por baixo do caminho e veio dar aos quintais de alguns moradores, na cruz do bacelo, de Francisco Falcão, António Toste Corvelo e Francisco Cipriano. Para a manter limpa existiam os aguadeiros, refiro João Ferreira Machado Drumond, bisneto de Francisco Ferreira Drumond e pai do Major Luis Drumond, que também cuidava do correio nesta Vila e cujo trabalho de aguadeiro era, desobstruir os entupimentos limpar as bermas, ver os desvios da água. Trabalho feito a pé. Em alguns prédios existiam as arquinhas, para verificar se naquele lugar a água chegava. Caso contrário entupimento estava para trás.

Lavar a roupa na &ldquoribeira &ldquoexigia que a mulher se colocasse de joelhos numa tábua feita para o mesmo ato. Ter o lavadoiro feito em pedra de magma ou de cantaria, às vezes picada, por quem tivesse alguma habilidade. Lavavam lado a lado, esperavam que umas acabassem para outras lavaram com a água sempre a correr.
Os lavadoiros tinham donas e eram emprestados umas às outras. Lavavam as mulheres da redondeza, da aldeia nova, até da ribeira seca, conversava-se de tudo, faziam-se boas amizades. Lavar a roupa era uma tarefa árdua, era necessário ter tempo e esforço pera esfregar a roupa. Os detergentes eram escassos. Iam lavar de manhã, enquanto os filhos dormiam, ou deixavam os mais velhos a tomar conta dos mais novos, também enquanto a água corria para o moinho trabalhar. Depois do moleiro acabar de moer, ia entregar a novidade aos fregueses, fechava a água. (foto: pedras do lavadoiro)
Depois da roupa lavada, cada uma ia para sua casa e estendia-a no seu fio para esta secar. Havia que pôr a roupa branca a corar ao sol, para embranquecer. O coradoiro era no quintal, num espaço com erva e dava o sol. De vez em quando ia-se aguar a roupa com o regador. Era tarefa das filhas aguar a roupa com chapéu de palha na cabeça para não ficarem pretas. Era moda e perfeição serem brancas e rosadas. Lavava-se toda a roupa à segunda feira. A roupa branca voltava a ser lavada na terça e ia a secar. Usavam para lavar a roupa, o sabão azul e branco, o mesmo usado para a higiene da família.
Tudo muito diferente do que é hoje, com as máquinas de lavar que poupam tempo e facilitam o trabalho. Esta era também uma das formas de convivência social das nossas mulheres. A roupa ficava bem lavada, as mulheres as nossas avós ou mães, apanharam algumas encharcadelas, que mais tarde trouxeram muito reumatismo e doenças. Lavar a roupa na &ldquoribeira&rdquo, terminou mais ou menos em 1972. Por essa altura construíram as pias no rochão da cruz, devido à água da nascente do cabrito, ter sido levada para Angra do Heroísmo, para os motores da central eléctrica.
Deram a todos os moinhos, um motor e pagaram aos proprietários por alqueire de terra e de acordo com a produção das terras da terra água. Os donos tinham as suas escrituras do direito à referida água. O produto destas terras foi afetado pela falta da água para a rega das mesmas. O Rego ou levada da água secou, deixou de correr água até ao tanque das patas no cimo do arrabalde, que também já tinha os dias contados. A pouca água que foi correndo nesse rego era só a do escoamento das terras e das estradas.
Os moinhos, estes também foram desaparecendo, o que resta são as lembranças.
Bem hajam a estas mulheres pelo esforço que fizeram e pelo trabalho do seu dia-a-dia, não renumerado, mas desempenhado com muito amor e dedicação.
Maria Filomena Drumonde Santos Martins

Maria Filomena Martins

Galeria de Fotos

Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na ribeira
Lavar a roupa na Casa das Pias

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