19 de Fevereiro de 2025 - 12:05 Vila São Sebastião, Portugal

19 de Janeiro de 2022 - 19:00 - Vila São Sebastião, Portugal

JUNTA DE FREGUESIA

Vila São Sebastião

Grupo de duas fontes e dois longos tanques, dispostos em ritmo alternado, adossado a um muro, com capeamento saliente, integrando condutas com o encanamento das águas, que jorram em grande quantidade. FONTE RELICÁRIO de planta retangular composta por espaldar retangular, com corpo em alvenaria de pedra, com as juntas tomadas e pintadas de branco, e duas colunas frontais, de fuste liso, sobre plintos paralelepipédicos percorridos por friso horizontal e de capitéis decorados por motivos vegetalistas estilizados, sustentando a cobertura; esta é em cúpula piramidal truncada, de cantaria, coroada por pináculos piramidais sobre acrotério nos cunhais.

No interior a cúpula é facetada e tem as juntas tomadas e pintadas de branco. Inferiormente, o espaldar possui duas bicas de canhão que vertem para tanque retangular, disposto a toda a largura do espaldar e num plano recuado às colunas, sendo formado por lajes de cantaria com bordo revestido a metal. À direita, e num recorte do muro, que delimita três faces do mesmo e lhe serve de espaldar, integra-se longo tanque retangular, seccionado em três, com parede frontal em lajes de cantaria e bordo revestido a metal, para onde verte água de bica central, em canhão. Mais à direita, dispõe-se a FONTE DE ESPALDAR de planta retangular e corpo em cantaria aparente, assente em embasamento do mesmo material, com plintos almofadados laterais ocultos pelo tanque frontal. Apresenta espaldar retilíneo marcado por duas pilastras almofadadas, decoradas com elementos vegetalistas nos topos e ao centro, sustentando o remate em cornija, coroado por dois pináculos laterais piramidais, sobre acrotério; ao centro desenvolve-se espaldar recortado e inscrito, definido por volutas, sobrepostas por motivos florais e folhagem, que surge também no topo, onde tem querubim. O espaldar é percorrido, a toda a volta, por friso rendilhado, integrando flores-de-liz nos ângulos, e enquadrando cartela quadrangular, de topos superiores curvos, contendo brasão com as armas de Portugal e coroa, envolvido por palmas. Inferiormente, surgem três bicas quadrangulares com raios relevados, sobre friso vegetalista, igualmente relevado. As faces laterais e a posterior são rebocadas e pintadas de branco e rematam em cornija. Em frente dispõe-se tanque retangular, sensivelmente da mesma largura do espaldar, formado por lajes de cantaria, com bordos lisos, tendo os ângulos revestidos por um L metálico. Entre o espaldar e o bordo exterior, dispõem-se seis réguas metálicas para apoio do vasilhame. Mais à direita ainda dispõe-se o segundo longo tanque, igualmente implantado num recorte do muro e com as mesmas características do anterior. A O., na base do outeiro de Santa Ana, e adossado a muro, dispõe-se mãe de água, de planta quadrangular e massa simples, com cobertura piramidal rebocada e pintada de branco, tal como as fachadas; a principal tem cunhais, embasamento e friso superior em cantaria, e é rasgada por porta de verga reta e moldura simples.

Cronologia

1503, 23 março – na carta de D. Manuel elevando o lugar a vila, enaltece-se “a muito boa fonte” ali existente;

séc. 16, 1ª metade – o Dr. Gaspar Frutuoso salienta “um chafariz de mais e melhor água, e nascida antre duas pedras, que quantas há em todas as ilhas, e com a qual moem de represa três moinhos”;

1704, setembro – Inácio Ferreira da Costa descobre outro veio de água, num pequeno cercado, ao fim da Rua das Flores, de caudal tão grande que movia as azenhas do Arrabalde;

1717 – o padre António Cordeiro na sua “História Insulana” corrobora a afirmação de Frutuoso, mas na época a fonte já accionava quatro moinhos, acrescentando “e antes disso, e só dez braças da fonte, corre dela um grande chafariz com três bicas de pedra, e de boca de bala de dez libras, e ainda transborda água, e contudo as mais das casas têm poços com excelente água”;

1824, 22 agosto – data inscrita na fonte de espaldar, assinalando a sua construção pela Câmara que, devido à água dos poços particulares “se escoar”, manda encanar a porção de água que considera suficiente para beber;

1842, 23 maio – início da obra de encanamento das águas da fonte da nascente do Pico da Cruz, sob a responsabilidade de Manuel Gonçalves Fagundes, a qual se junta às duas nascentes que alimentavam as fontes;

1844, 22 junho – conclusão da obra do encanamento de água, informando o padre Jerónimo Emiliano de Andrade, que se conseguira quebrar o duro rochedo, que cobria aquela caverna, e nele se abrir uma grande brecha por onde se extraía a água, e encanando-o ao longo de 10 km; para a obra muito contribuiu Ferreira Drumond, presidente da Câmara de São Sebastião, que venceu a oposição dos proprietários da mina, obrigando-o a expropriações, e resultando no caudal do Pico da Cruz, nascente do Cabrito, antes de ser encaminhado para a vila da Praia da Vitória;

1864 – Francisco Ferreira Drumond refere que a pequena ribeira formada pelas duas nascentes das fontes aciona nove moinhos;

1891 – o padre Jerónimo Emiliano de Andrade refere que o solo da vila de São Sebastião era quase todo “repassado de águas doces, e cristalinas, e em quase todas as casas há um poço delas para usos domésticos”; refere ainda a existência de três fontes abundantes, duas delas tendo o seu nascimento muito próximo, com águas correndo por dois grandes chafarizes, e daí passando para dois grandes depósitos, que servem para fazer trabalhar vários moinhos em alguns dias das semanas;

1946 – construção dos tanques públicos que existem junto das bicas; 1955 – data da ligação da rede de água domiciliária levando ao bandono progressivo do uso da água das fontes; 1974, cerca – segundo Pedro de Merelim, a água da fonte nunca seca e mesmo no estio abastece as populações circunvizinhas de meia légua ao redor; a água é puríssima, fria e cristalina, tendo-se chegado a atribuir virtude medicinal; os facultativos mandavam-na levar às farmácias

Galeria de Fotos

 O Largo da Fonte e Casa das Pias
 O Largo da Fonte e Casa das Pias
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 O Largo da Fonte e Casa das Pias
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 O Largo da Fonte e Casa das Pias
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